Mas poemas devem ser traduzidos, para atingir outras culturas. Seria injusto não fazê-lo.
É possível que parte, talvez grande parte, da beleza e do sentido se perca. Mas é um risco que talvez tenhamos que correr.
Esse poema é do americano Robert Frost, conhecido por seus versos simples mas sonoros, e chama-se A Brook in the City.
Esta é a minha tradução.
Um Riacho na Cidade
A fazenda persiste, porém avessa a se enquadrar
À nova rua da cidade que tem que trajar
Mais um número. Mas e quanto ao arroio
Que aninhou a casa, o seu braço como apoio?
Indago como alguém que conheceu o regato,
Sua força e impulso, tendo um dedo mergulhado
E feito saltar minha junta, tendo jogado
Uma flor para testar sua correnteza, por onde tenha passado.
O pasto poderia ser cimentado
Impedido de crescer cidade abaixo, pavimentado;
As macieiras atiradas às lareiras, galho a galho.
É a mesma coisa alimentar um rio com o orvalho?
Como dispor de uma força imortal
Não mais querida? Estancada ao manancial
Em camadas de cimento derramadas? O riacho jogado
Fundo num esgoto cavernoso, enterrado
Em uma escuridão fétida, para ainda viver e correr -
E tudo por nada que havia de merecer
Exceto, talvez, esquecer de ir temido.
Ninguém saberia senão mapas antigos
Que tal regato corria água. Mas me pergunto
Se por ser mantido sempre fundo
As memórias não tenham ascendido de modo a manter
Esta cidade recém-construída, a trabalhar e adormecer.
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